FABRICANTES DE MATERIAIS VIVEM SEU MELHOR MOMENTO...

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FABRICANTES DE MATERIAIS VIVEM SEU MELHOR MOMENTO EM DEZ ANOS

Por Chiara Quintão — De São Paulo

A indústria de materiais de construção está vivendo seu melhor momento dos últimos dez anos. Dados obtidos em primeira mão pelo Valor apontam que a Fundação Getulio Vargas (FGV) revisou a projeção do crescimento real do setor, neste ano, de 4% para 8%. Se a estimativa for confirmada, o faturamento do setor ultrapassará R$ 200 bilhões, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro.

Fabricantes de materiais ouvidos pelo Valor informaram forte crescimento no primeiro semestre. Parte das empresas entrevistadas registrou desempenho recorde no período. A demanda reflete gastos com reformas, fruto da maior valorização da casa iniciado com o isolamento social e redirecionamento de parte de gastos de antes com serviços, entretenimento e viagens. Outro item importante é o aumento do número de lançamentos imobiliários no país, impulsionados por juros baixos e oferta de crédito aos compradores de imóveis. Isso levou ao aumento dos pedidos de materiais.

Dados consolidados dos 22 segmentos que compõem esse setor apontam expansão real de 24,4% no semestre. No acumulado de 12 meses, o aumento é de 16,6%. “Estamos com otimismo moderado, reforçado pela nova previsão”, diz Navarro. O Índice Abramat apontou expansão de 13,1%, em junho, refletindo o ponto de inflexão vivido pelo setor em meados de 2020.

A indústria está operando com 78% da capacidade, acima dos 70% pré-pandemia de covid-19.

Não se espera que a forte expansão das vendas registrada na primeira metade do ano, com destaque para o segundo trimestre, se mantenha. Nos primeiros meses da pandemia, o consumo de materiais teve queda expressiva, refletindo insegurança dos consumidores e fechamento do varejo do segmento até a atividade ser considerada essencial. O movimento se inverteu, no segundo semestre de 2020, levando parte das indústrias a operar na capacidade máxima.

O desempenho de algumas empresas é o retrato vivido pela indústria. A receita da Tigre - fabricante de tubos, conexões, ferramentas para pinturas, metais sanitários, torneiras plásticas, portas e janelas - mais do que dobrou. O faturamento da Wavin (ex-Mexichem Brasil), que concorre com a Tigre em tubos e conexões, cresceu acima de 30%. A Vedacit, que fabrica impermeabilizantes, mantas asfálticas e argamassas, elevou o faturamento em 50% e o volume em 35%. As vendas de tintas decorativas da Basf, dona das marcas Suvinil e Glasu, subiram 40%. A Lorenzetti, fabricante de duchas, chuveiros elétricos, aquecedores de água, metais sanitários e purificadores de água, registrou mais de 35%.

A Vedacit teve desempenho semestral recorde e está em fase de revisão das estimativas para o ano. O mais provável, segundo o diretor comercial, João Roberto Ximenes, é que o faturamento cresça 38%, ante a projeção inicial de 22%. Diante do aquecimento das vendas para o varejo e construtoras, a empresa colocou um terceiro turno na fábrica de Itatiba (SP). O ritmo de vendas varia muito. “São Paulo está muito aquecido, assim como a região Sul. As vendas nos demais Estados do Sudeste se estabilizaram, e houve uma freada grande no Nordeste”, diz Ximenes.

Há um ano, a Lorenzetti está operando à plena capacidade, situação que tende a ser mantida até dezembro, segundo o vice-presidente, Eduardo Coli. Sem informar projeções, o executivo conta que a expansão deste ano deve superar os 24% de 2020. Para a Lorenzetti, um fator adicional tem contribuído para acelerar suas vendas neste ano: o frio. As baixas temperaturas contribuem para a demanda por chuveiros e aquecedores elétricos e a gás.

A Basf está revisando sua projeção de vendas de tintas decorativas. Segundo o vice-presidente do segmento na América do Sul, Marcos Allemann, o aumento de pelo menos 10% no volume, estimado inicialmente, será alcançado mesmo se as vendas ficarem estáveis no segundo semestre, mas é esperado crescimento no período.

Assim como para a Basf, reformas e novas obras têm puxado as vendas da Tigre. Em abril, o presidente, Otto von Sothen, havia informado ao Valor expectativa de alta de 12,5% da receita doméstica neste ano. Após o desempenho semestral recorde, a empresa já trabalha com aumento de 35% no Brasil. Em tubos e conexões, o crescimento ficará mais próximo de 40%, segundo Sothen, impulsionado também pelo agronegócio.

“O ano de 2022 ainda será de crescimento, embora não tão vigoroso”, diz o presidente da Tigre. O grupo está investindo de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões em tecnologia e aumento de capacidade. Boa parte dos recursos vão para as operações brasileiras, informa Luis Filipe Silva Fonseca, diretor executivo de negócios da Tigre no Brasil.

Para o diretor-geral da Wavin no Brasil, Daniel Neves, o atual trimestre tende a ser “bem positivo” em relação às vendas. O quarto trimestre, porém, é “mais incerto” devido a questões macroeconômicas, como a fiscal. “Mas a construção ainda está muito forte. A mudança de comportamento dos consumidores veio para ficar”, diz. observa se alta de pedidos pelo setor de infraestrutura, como consequência do marco regulatório do saneamento. As vendas crescem também para o agronegócio.

No entendimento do executivo da empresa, os custos com insumos tendem a se estabilizar neste semestre, “caso não haja algum acontecimento que interfira na produção”. Fonseca, da Tigre, também espera estabilidade. “Os preços das matérias-primas estão próximos do pico da expectativa de ajuste. Agora, há impacto mais intenso de energia elétrica e de derivados de petróleo”, afirma Allemann, da Basf. Em maio, a empresa reajustou preços e é possível que faça novo aumento neste ano.

Ximenes lembra ainda que era aguardado redução de custos de matérias-primas devido à queda do dólar, mas isso não ocorreu: os preços seguem estáveis, sustentados pela demanda. A Vedacit fez reajustes de 12% em janeiro. Em maio, fez ajuste médio de 5%, mas o aumento chegou ao patamar de 10% a 15% em produtos asfálticos. Segundo o diretor, neste ano, as altas acumuladas dos preços de asfalto chegam a 36% até maio.

Coli, da Lorenzetti, aponta que ainda se verifica forte pressão de custos: de fretes marítimo, transporte aéreo e matérias-primas, como resina e papelão. Essas, diz, ainda se encontram com preços elevados, mas ressalta que as entregas foram normalizadas. Em janeiro, a empresa reajustou toda linha de produtos e que em março fez repasses pontuais. “Estamos tentando segurar novas altas”, diz Coli.

Fonte: Valor

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